segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

UM BREVE CONTO WOOKIE POR CHEWBACCA

Aaaargh, Grraarr! Graar. Rargh, ugarrr gruff, ugrah. Gruuffh graarh aarhh. Groorg crorghh graarrh aah raarghhh. Ruarhh, grsahh, hfiarrr craar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

FILOSOFIA NO MOTEL DA ESQUINA

Os derradeiros suspiros de paciência eram soltos no ar refrigerado. Caminhava na linha limítrofe da decepção. Não compreendia a razão daquele homem viril não tomar a iniciativa. Era só interromper esse falatório infrene e chupá-la como um sorvete na boca de uma criança. Ele relatou que a sexualidade sempre foi um tema presente na História da Humanidade. Falou de um pensador chamado Platão, que aconselhava o abandono do uso dos prazeres para contemplar verdadeiramente as idéias. Mesmo tendo escrito um livro chamado O Banquete. Para ela, banquete significa fartura de comidas deliciosas e bebidas à vontade. Disse que, outro filósofo grego, conhecido como Epicuro, cultuava os prazeres da carne. A ardente garota, deitada na cama sob um imenso espelho que refletia sua voluptuosidade de um corpo de proporções harmônicas comprimido por uma calça jeans de cintura baixa e iniciante neste jogo de sentidos, aromas e pele. Foi ao frigobar, retirou uma cerveja em lata e ofereceu ao rapaz. Ele recusou, alegando não ser admirador de bebidas alcoólicas e desandou a relatar as tentações de Rousseau pela empregada mais velha. Disse que Nietzsche defendia a rejeição de todas as culpas, pois valia tudo pela satisfação sexual, pois para o filósofo alemão, o amor não passava de puro egoísmo. Falou de Freud, o psicanalista austríaco que estudando seus pacientes, descobriu que a maioria dos problemas destes estava relacionada com a repressão dos desejos sexuais, obstaculizados pela moralidade, imposta por uma sociedade hipócrita e decadente. Ligou a televisão e sintonizou em um canal erótico para ver se despertava nele a tal da libido, que se encontra no Id, segundo Freud. Não havia feito votos de celibato. Contrariada, desejava ser “consumida” naquele motel barato do centro da cidade de Manaus. Perguntou para ela se conhecia Michel Foucault, grande estudioso da História da Sexualidade. Enquanto fazia seu monólogo, transpirava paixão pelo assunto. Achava fantástico todo aquele tesão pela Filosofia, mas o que ela queria realmente era ser penetrada com força e ter orgasmos múltiplos. Jogou o cabelo pela trigésima vez. Explicou o casamento de Jean- Paul Sartre e Simone de Beauvoir. O casal mantinha relações extraconjugais e confidenciavam entre si, suas experiências íntimas ao lado dos amantes. Exalava luxúria, as pernas tremiam. Bateram na porta, anunciando que as horas tinham se esgotado. Precisavam deixar as dependências do local, pois ele não tinha mais dinheiro. Foram duas situações distintas no momento da despedida. Ele regozijado por ser um “amante da sabedoria” e ela com a roupa íntima carmesim molhada de tanto desejo cálido.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PASTEL DE CARNE E O VALE DAS DÚVIDAS

Questionava sobre a existência das naturezas mortas e doutrinárias, temerárias, fracionárias. Instigado por um prazer contemplativo de desvirtuar tantas realidades distorcidas por ecos mudos. Seduzido por devaneios pictóricos, binários, antológicos e frágeis. Perdendo a pouca racionalidade diante de múltiplas saídas, observadas por milhares de estátuas antropozoomórficas e polifônicas. Subia pelas escadas dos fundos de dezenas de labirintos que apresentam inúmeras possibilidades inconstantes.
Vigilante, notívago, impaciente, incansável na profecia de catástrofes benéficas e sem sentidos ou sentimentos passados. Personagem oblíquo, obtuso e experiente em fugas surreais de cárceres impossíveis de se penetrar. Ofegante na busca frenética e incoerente de sensibilidade em um empirismo sem o mínimo de objetividade. Transeunte de estradas axiológicas na imperfeição de um terreno desnivelado de barro amarelo. Descomprometido com o desejo complexo, individual e coletivo de dormir nas segundas-feiras. Habilidoso prosador, imperfeito como os Aedos antigos. Intérprete descartável, atuando no palco solitário do subjetivismo desmedido, desproporcional e solidário. Notável desvairado. Quebrando e solidificando códigos singulares e reguláveis como torneiras que jorram águas do Japurá. Escrevia cartas para a mãe e estórias de ficção científica.
Testemunhava a natureza metafórica, movida por uma etiqueta e equilíbrio oriental. Tinha a certeza da incompletude naquele reino de realezas famélicas. Leu os pergaminhos de Papillon. Depois se apaixonou por K. Dick, Bioy Casares, Jorge Amado, Saint-Exupéry e Michelle Perrot em outras encarnações. Examinador de estatísticas desnecessárias e sem valor de mercado. Fazia constantes elogios enfurecidos e raivosos. Tecia comentários, frígidos, mas suaves e sólidos como gelo derretendo sob o calor do zênite.
Literato desconhecido de um certo negativismo positivo. Criador de impossibilidades clássicas, benfazejas, estágios de ritos e rituais tortuosos e apócrifos. Aleatório ao desenvolvimento estrutural de arquiteturas quânticas, construídas com adobe. Sonhava uma ingenuidade soberba de mesquinharias inconstantes da temática seca e infeliz. Perdido no absurdo avanço de estratégias contraditórias, relativistas, inadequadas, magna de justificativas falaciosas, extraordinárias. Romântico como um Bolero cubano de Compay Segundo. Definições inspiradas no inato, insólito, abstrato, sonoro e divino do coreto alternativo.
Fragmentador de paradoxos e buracos negros. Divulgador da teoria do caos caótico de um calígrafo caolho e conspirador. Talvez individualista, libertário, universal, único, contemporâneo, histórico, apolítico, ocioso, bêbado, moderno, medieval ou iluminista. Dialogava usando a genialidade de uma criança centenária. Imprevisível nas medidas mensuráveis das incontáveis dimensões palpitantes como o ribombar dos trovões, anunciando a tempestade desafiadora.
Disperso, nadando desesperadamente no rio profundo de interrogações. Empurrado de volta ao ponto de partida pela força magistral das correntezas da incerteza. Sugado pelo rebojo da força líquida da inquietação.
Momentos de sublime apreciação. Sentado sobre a relva esmeralda, perdido em divagações, saboreando um delicioso pastel de carne moída e palmito. Contemplando inquieto o longínquo horizonte do Vale das Dúvidas.