segunda-feira, 16 de novembro de 2009

FILOSOFIA NO MOTEL DA ESQUINA

Os derradeiros suspiros de paciência eram soltos no ar refrigerado. Caminhava na linha limítrofe da decepção. Não compreendia a razão daquele homem viril não tomar a iniciativa. Era só interromper esse falatório infrene e chupá-la como um sorvete na boca de uma criança. Ele relatou que a sexualidade sempre foi um tema presente na História da Humanidade. Falou de um pensador chamado Platão, que aconselhava o abandono do uso dos prazeres para contemplar verdadeiramente as idéias. Mesmo tendo escrito um livro chamado O Banquete. Para ela, banquete significa fartura de comidas deliciosas e bebidas à vontade. Disse que, outro filósofo grego, conhecido como Epicuro, cultuava os prazeres da carne. A ardente garota, deitada na cama sob um imenso espelho que refletia sua voluptuosidade de um corpo de proporções harmônicas comprimido por uma calça jeans de cintura baixa e iniciante neste jogo de sentidos, aromas e pele. Foi ao frigobar, retirou uma cerveja em lata e ofereceu ao rapaz. Ele recusou, alegando não ser admirador de bebidas alcoólicas e desandou a relatar as tentações de Rousseau pela empregada mais velha. Disse que Nietzsche defendia a rejeição de todas as culpas, pois valia tudo pela satisfação sexual, pois para o filósofo alemão, o amor não passava de puro egoísmo. Falou de Freud, o psicanalista austríaco que estudando seus pacientes, descobriu que a maioria dos problemas destes estava relacionada com a repressão dos desejos sexuais, obstaculizados pela moralidade, imposta por uma sociedade hipócrita e decadente. Ligou a televisão e sintonizou em um canal erótico para ver se despertava nele a tal da libido, que se encontra no Id, segundo Freud. Não havia feito votos de celibato. Contrariada, desejava ser “consumida” naquele motel barato do centro da cidade de Manaus. Perguntou para ela se conhecia Michel Foucault, grande estudioso da História da Sexualidade. Enquanto fazia seu monólogo, transpirava paixão pelo assunto. Achava fantástico todo aquele tesão pela Filosofia, mas o que ela queria realmente era ser penetrada com força e ter orgasmos múltiplos. Jogou o cabelo pela trigésima vez. Explicou o casamento de Jean- Paul Sartre e Simone de Beauvoir. O casal mantinha relações extraconjugais e confidenciavam entre si, suas experiências íntimas ao lado dos amantes. Exalava luxúria, as pernas tremiam. Bateram na porta, anunciando que as horas tinham se esgotado. Precisavam deixar as dependências do local, pois ele não tinha mais dinheiro. Foram duas situações distintas no momento da despedida. Ele regozijado por ser um “amante da sabedoria” e ela com a roupa íntima carmesim molhada de tanto desejo cálido.

Um comentário:

Unknown disse...

Ótimo , estava devendo uma vista no seu blog e ameiii como sempre vc pe f.... bjs :)