quarta-feira, 4 de julho de 2012

A “GARRAFADA”

Não é segredo nenhum - pelo menos para grande parte dos nortistas que habitam a planície amazônica brasileira - os traços herdados dos povos indígenas na cultura das cidades interioranas e na metrópole dos Manaós. Uma dessas características mais marcantes é a utilização de ervas e plantas da flora da Amazônia para a prevenção e cura de doenças. Nas minhas mais remotas reminiscências, lembro-me das “garrafadas” expostas no Mercado Público de Manaus. A “garrafada” é uma mistura de ervas, cascas de madeira, folhas, cipós, essências e uma miríade de raízes que prometem curar todo tipo de enfermidades que possam afetar o corpo humano. Elas eram e ainda são prescritas pelos homens e mulheres que dominam este conhecimento dos povos ribeirinhos e tradicionais. Pensando nisto, procurei uma cabocla que apresentava uma tez alegre, sorriso indígena, sotaque singular e exalando o aroma doce do maracujá e pedi para ela um remédio para as mazelas que afligem este mundo moderno. Ela preparou uma “garrafada” que misturava no seu conteúdo coisas maravilhosas como: respeito, inteligência, amor e conhecimento. E neste momento faço questão de compartilhar doses hercúleas desta “garrafada” com todos os seres humanos deste universo. Saúde!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Primeira Viagem de Simbad

Este são trechos do próximo folheto de Cordel, sem previsão para lançamento.

Na Arábia antiga
Nos tempos do Califado
Um homem maltrapilho
Vivia desgraçado
Passava fome e frio
Himdbad era chamado.

Perambulando nas ruas
Sentiu um cheiro de assado
Vinha de uma casa bonita
De ambiente invejado
Quem nesta casa mora
Deve ser um desonrado.

No portão da casa
Indagou a um empregado
Quem mora nesta bela casa?
- Você vive embriagado
Não é possível que não conheça
Simbad, o marujo afamado.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A PALAVRA E O TROVADOR

O trovador em suas reminiscências foram perdidas. Procurou em dezenas de últimos lugares por onde talvez não tenha ido. Perdera a invenção para novas palavras. Seu ofício de fazedor de palavras foi vítima da barca do esquecimento. Jura que tentou cantar a tristeza, mas lembrou que não podia mais encantar. Como nossa memória é arteira, o pobre trovador em sua displicência ficaria surpreso em ver suas palavras pregadas em cordéis esvoaçantes. As palavras se desapropriaram dele, mesmo com lágrimas nos olhos. Foi melhor assim para ambos.

Esta poesia fará parte do próximo livro: BODEGA DAS PALAVRAS